ilustração de calcinhas brancas em um fundo azul-petróleo

Ilustração: Katrin Friedmann

Tempo de leitura: 8 min

Corrimento vaginal: o que é normal?

Causas, tipos, diagnóstico e tratamento

*Tradução: Mariana Rezende

Coisas importantes a saber:

  • O corrimento vaginal é comum e poderá variar durante o ciclo menstrual

  • É a única maneira de distinguir as fases do seu ciclo menstrual

  • Corrimentos vaginais atípicos diferem em cor, consistência, cheiro ou quantidade em comparação ao corrimento típico

  • O corrimento vaginal atípico pode ser um sintoma de um desequilíbrio bacteriano, uma infecção ou IST, ou, em casos raros, câncer do colo do útero

  • Para manter a vagina saudável, evite lavá-la internamente e use proteção durante atividades sexuais

Sua vagina tem uma dinâmica específica e um ecossistema bem alinhado. Ela inclui um equilíbrio específico de bactérias, pH e umidade. Esse equilíbrio é sensível a mudanças, tanto de dentro quanto de fora do corpo, e às vezes não é preciso muita coisa para que ele se perca.

É comum notar tipos de fluidos vaginais diferentes ao longo do ciclo menstrual. Os fluidos mudam ciclicamente em conjunto com os hormônios em termos de aparência, consistência e volume.

Os fluidos vaginais também mudam durante a excitação sexual e depois da gravidez. No entanto, mudanças significativas ou repentinas no cheiro, cor ou consistência dos fluidos significa que alguma outra coisa pode estar acontecendo, como uma infecção que precisa de tratamento.

Registrar no Clue um fluido vaginal "atípico" pode proporcionar um registro de sintomas para serem apresentados a profissionais de saúde, incluindo o momento em que as mudanças foram notadas e quais outros fatores podem estar relacionados (como sexo desprotegido ou o início de um novo método contraceptivo).

É importante se familiarizar com seu corrimentos vaginal típicos, em termos de cheiros, cores e mudanças ao longo do ciclo.

O que é considerado "normal" em termos de corrimento vaginal:

Cor e consistência do corrimento vaginal

O corrimento muda de acordo com a produção de fluido cervical do corpo. No começo do ciclo, ele tende a ser mais seco/pegajoso ou até inexistente. Ele começa a ficar mais cremoso do meio para o fim da fase folicular (a primeira fase do ciclo). Um pouco antes e durante a ovulação, é provável que ele fique elástico, molhado e transparente, como a clara do ovo. Pouco depois da ovulação, ele normalmente volta para seco/pegajoso. Os fluidos podem ficar brancos ou amarelados e pastosos na roupa íntima quando estão secos.

Volume do corrimento vaginal

A maioria das pessoas percebe que seu corrimento aumenta durante a primeira fase do ciclo e a maior parte do corrimento é produzida nos dias que antecedem ou durante a ovulação. O volume de fluido então cai um dia ou dois depois da ovulação e normalmente permanece assim até o fim do ciclo. Você provavelmente notará que a vagina produz mais fluido durante a excitação sexual.

Cheiro do corrimento vaginal

O corrimento típico pode ser inodoro ou ter algum cheiro, mas normalmente esse cheiro é suave e não incômodo. Ele pode se misturar à urina ou ao sangue durante a menstruação e isso pode influenciar o cheiro sentido na roupa íntima. Conhecer os cheiros típicos do seu corpo é muito importante para identificar quando mudanças acontecem.

Se você usa contraceptivo hormonal, os padrões típicos de corrimento vaginal serão interrompidos, já que o ciclo hormonal é interrompido.

Sinais de corrimento vaginal "atípico"

Mudanças a serem observadas:

  • Consistência: o fluido fica particularmente mais fino, ou mais grosso e texturizado

  • Cor: o corrimento é cinza, verde, amarelo ou marrom

  • Volume: mudança significativa ou inesperada no volume

  • Cheiro: peixe, metal ou apenas diferente

Qual é a causa do corrimento vaginal atípico?

O corrimento atípico pode acontecer quando a comunidade microbiana vaginal está desequilibrada. Isso significa que há uma queda na quantidade de "bons" micróbios e um aumento nos "maus" micróbios (ou um crescimento de outro elemento que está presente somente em números pequenos). Tais desequilíbrios podem levar a condições como vaginose bacteriana (também conhecida como VB – a causa mais comum de corrimento atípico) (1) e infecções por fungos (candidíase vulvovaginal) (2).

Fatores que podem prejudicar o ecossistema vaginal incluem:

  • Práticas de lavagem e limpeza

  • Atividade sexual, ter um(a) novo(a) parceiro(a) sexual

  • Contraceptivos hormonais ou DIUs

  • Sangramento ou escape prolongados ou irregulares

  • Uso de antibióticos ou esteróides

  • Menarca, menopausa ou gravidez

  • Mudanças hormonais ao longo do ciclo menstrual

  • Diabetes não controlada

  • Geralmente ter uma quantidade menor de bactérias vaginais Lactobacillus

  • Possivelmente fumar e tipo de dieta (mais pesquisas são necessárias) (2 – 8)

Corrimentos atípicos também podem ser causados por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A IST curável mais comum é a tricomoníase, causada pelo trichomonas vaginalis, um parasita. Outros tipos comuns de ISTs incluem clamídia e gonorreia. Lembre-se de que essas ISTs geralmente são assintomáticas (não apresentam sintomas aparentes) e é por isso que é tão importante fazer exames regularmente.

Raramente, o corrimento atípico pode ser um sinal de algo mais sério, como o câncer do colo do útero. Certifique-se de fazer o papanicolau nos intervalos recomendados. O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos EUA) recomenda que o exame seja feito a cada 3 anos, em pessoas com idades entre 21 e 65 anos, se seus resultados forem regulares ou até a cada 5 anos se o exame de HPV (papilomavírus humano) for feito junto com o papanicolau.

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O que devo fazer se tiver corrimento vaginal atípico?

Se você estiver com um corrimento vaginal branco espesso com ardência ou coceira e suspeitar de uma infecção por fungos:

Primeiro, experimente usar medicamentos vendidos sem prescrição médica. Eles geralmente são vendidos em forma de pílula/supositório vaginal ou creme. Se os sintomas não desaparecerem depois de uma semana ou se você tiver infecções regularmente, consulte um(a) profissional de saúde. As candidíases geralmente não são prejudiciais, mas você deve ter certeza de que não tem mais nada se os sintomas não passarem. Aplicar uma compressa fria pode ajudar a aliviar a coceira. Observe que os tratamentos para candidíase podem enfraquecer preservativos de látex e diafragmas (9).

Caso esteja com outros sintomas:

Consulte um(a) profissional de saúde para fazer exames. Eles observarão sua vulva e vagina e retirarão uma amostra para ser analisada em um laboratório. Eles também podem testar o pH da vagina com um teste simples de pH.

A vaginose bacteriana pode se curar sozinha, mas pode se tornar recorrente, portanto é importante conversar com o(a) profissional de saúde sobre possíveis tratamentos. A vaginose bacteriana traz sintomas desconfortáveis e podem aumentar o risco de contração de uma IST, mas ela geralmente não causa complicações de saúde. Porém, em alguns casos, vaginoses bacterianas não tratadas podem levar a infecções posteriores a cirurgias ginecológicas e complicações gestacionais, incluindo aborto espontâneo e nascimento prematuro (8 – 11). A vaginose bacteriana pode contribuir para o desenvolvimento de doença pélvica inflamatória, mas são necessárias mais pesquisas (12).

Tratamento

O tratamento da VB ou de uma IST como tricomoníase, clamídia ou gonorreia geralmente é bastante simples e pode envolver a aplicação de um gel ou creme antibiótico na vagina por vários dias ou a ingestão de apenas uma dose de antibiótico por via oral ou injeção (dependendo da tipo de infecção) (9).

Pode ser necessária mais intervenção no caso de infecções que não foram tratadas e se tornaram mais complicadas. Observe que muitas ISTs não causam sintomas ou permanecem assintomáticas por um longo tempo. Isso não significa que eles não precisam ser tratadas o mais rápido possível. Se você é uma pessoa sexualmente ativa, é essencial fazer exames regulares para ISTs.

Iogurte, alho ou óleo de melaleuca (tea tree) curam infecções vaginais?

Existem evidências mistas sobre o uso de certos alimentos e suplementos para restaurar e/ou manter o equilíbrio de bactérias vaginais saudáveis. Não há evidências suficientes para incluir o uso de iogurte ou probióticos Lactobacillus nas recomendações formais de tratamento (9), embora possa haver algum benefício para certas pessoas e é improvável que seja prejudicial (13 – 14).

O alho e o óleo de melaleuca têm propriedades antifúngicas e antibacterianas e são apresentados como curas naturais quando usados na vagina. Porém, não há pesquisas científicas suficientes para dizer quão eficazes são no tratamento de infecções vaginais e algumas pessoas podem achar que esses métodos irritam a vagina (15). Mais pesquisas são necessárias.

Se você tiver sintomas como coceira e/ou odor incomum, pode querer lavar a região para se aliviar. Não faça isso! Lavar internamente e limpar em excesso não ajuda e pode até piorar ainda mais a situação (16, 17).

Como manter a vagina saudável

Para prevenção:

  • Não lave internamente

  • Mantenha o sabão com espuma e perfume longe da vulva (ou evite totalmente usar sabão na vulva e na vagina)

  • Seja extremamente vigilante em relação ao uso de proteção com parceiros(as) sexuais novos(as) e que não fizeram exames recentemente

  • Use uma nova ferramenta de barreira (como um preservativo) se mudar da atividade anal para a vaginal durante o sexo

Um ambiente vaginal saudável diminui a probabilidade de contração de uma IST e ajuda a evitar sintomas desconfortáveis e possíveis complicações à saúde.

Você sabia?

Você pode ter mais propensão de contrair uma IST durante a fase lútea (a segunda parte do seu ciclo, após a ovulação), pois seu sistema imunológico pode não estar tão forte (18). Isso acontece porque o corpo cria um ambiente que torna uma gravidez possível. Um óvulo pode ser fertilizado e implantado no útero e, deste modo, o sistema imunológico não "atrapalha" o processo.

Artigo publicado originalmente em 7 de agosto de 2017.

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