Ilustração: Marta Pucci
Herpes genital: tudo o que você precisa saber

Coisas importantes a saber:
A herpes genital é a segunda IST mais comum nos EUA.
Algumas pessoas com herpes apresentam bolhas e úlceras recorrentes nas áreas genitais.
Muitas pessoas com herpes não apresentam sintomas, mas ainda assim podem continuar a transmitir a doença.
Não há cura para a herpes, mas os surtos e os sintomas podem ser controlados.
O que é herpes?
A herpes genital é uma infecção sexualmente transmissível (IST) muito comum causada pelo vírus herpes simplex tipo 2 (HSV-2) e, menos comumente, pelo vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1) (1).
Historicamente, esses dois tipos diferentes de vírus de herpes eram conhecidos pelo local onde causavam infecção — oral como HSV-1 e genital como HSV-2 —, mas isso não é mais verdade. O HSV-1 pode causar bolhas na boca (“herpes labial”) *e* nos genitais por meio do sexo oral. Isso significa que tanto o HSV-1 quanto o HSV-2 podem causar herpes genital.
Quais são os sintomas de herpes?
As infecções por herpes genital são muito comuns, mas muitas pessoas nem sabem que as têm. Isso ocorre porque muitas pessoas não apresentam nenhum sintoma físico da infecção por herpes, ou seja, suas infecções são assintomáticas (2,3).
Os sintomas de herpes genital variam de pessoa para pessoa, e muitas pessoas podem não apresentar os sintomas clássicos ou qualquer sintoma. Algumas pessoas podem suspeitar que seus sintomas são causados por outro tipo de infecção (2).
Os sintomas de herpes, para aqueles que os apresentam, costumam ser desagradáveis. O surto inicial de herpes pode ser chocante e o mais grave.
O primeiro surto (infecção primária)
Após contrair o vírus herpes simplex, os sintomas podem começar a aparecer cerca de 2 a 10 dias depois (4). Essa primeira infecção é conhecida como *infecção primária*.
Os sintomas clássicos de herpes genital envolvem a pele: surgem grupos de pequenas protuberâncias que evoluem para bolhas cheias de líquido ou pus (4,5).
Em seguida, essas bolhas formam crostas ou úlceras (transformam-se em feridas abertas). Elas eventualmente regredem, deixando a pele e a membrana mucosa cicatrizarem (4,5).
Essas bolhas costumam ser dolorosas, coçam, podem causar sensibilidade e podem ser acompanhadas de dor ao urinar (5).
Em mulheres e pessoas com trato reprodutor feminino, as lesões da herpes podem aparecer na vulva, períneo, nádegas, área anal, colo do útero e dentro da vagina (6), e algumas pessoas podem apresentar sangramento e corrimento vaginal (7).
Isso significa que mulheres e pessoas com vagina podem não ser capazes de “ver” nenhuma bolha de herpes, pois elas estão dentro do canal vaginal. O primeiro surto também pode ser acompanhado por sintomas em todo o corpo, como febre, dores no corpo e inchaço dos gânglios linfáticos (3,6).
O primeiro surto de lesões de herpes genital geralmente dura de duas a quatro semanas (4). Enquanto os sintomas cutâneos estiverem presentes, a pessoa é muito contagiosa, pois os vírus de herpes estão presentes no líquido das bolhas e em toda a área infectada (5).
Surtos adicionais (infecções não primárias)
Pessoas com herpes genital infectadas com HSV-1 também podem contrair HSV-2 nos genitais (ou vice-versa). Isso é chamado de *infecção não primária* e geralmente não é tão grave quanto a infecção primária (5).
Após o surto inicial (infecções recorrentes)
Os surtos de herpes podem continuar a ocorrer de forma bastante inesperada. Isso ocorre porque o vírus de herpes se instala permanentemente nas raízes nervosas e nunca pode ser totalmente eliminado (7).
Os surtos de herpes genital que ocorrem após a infecção primária são chamados de *infecções recorrentes* (1).
Elas podem incluir os mesmos sintomas da infecção primária, mas geralmente são menos graves ou podem ser assintomáticas, de modo que a pessoa nem percebe que está tendo uma infecção recorrente (2,3,5,7).
Febre e sensação geral de mal-estar geralmente não estão presentes nas infecções recorrentes (4). O número de surtos recorrentes diminui com o tempo (4).
Durante as infecções recorrentes, ocorre algo chamado *disseminação viral*, o que significa que a pessoa é contagiosa e pode transmitir o vírus de herpes a outro parceiro (2,4).
Isso significa que, mesmo que você não consiga ver nenhuma lesão de herpes em você ou nos órgãos genitais do seu parceiro, você não está seguro durante esses períodos. A melhor maneira de evitar a transmissão de herpes, se você sabe que tem a doença, é sempre usar preservativo ou outro método de barreira.
A maioria das pessoas que tem infecções recorrentes apresenta lesões menos graves por um período mais curto, em comparação com a infecção primária (5). Algumas pessoas podem até ser capazes de “sentir” quando ocorrerá um surto recorrente de herpes — isso é chamado de *pródromo* — percebendo sintomas como formigamento, coceira ou dor nas pernas entre 30 minutos e cinco dias antes do início dos sintomas cutâneos (3,4).
Como a herpes genital é transmitida?
A herpes genital é transmitida por contato sexual direto das membranas mucosas (a pele macia e úmida presente nas aberturas dos genitais e da boca), lesões e fluidos da herpes, bem como por fluidos genitais e saliva (1,7).
A *disseminação viral* ocorre quando alguém é contagioso e capaz de transmitir o vírus.
Se houver bolhas de herpes, ocorrerá a *disseminação viral*, tornando a pessoa muito contagiosa (8). A ausência de bolhas não significa que a pessoa não seja contagiosa. A disseminação viral ainda pode ocorrer na ausência de lesões ativas, o que significa que uma pessoa ainda pode transmitir o vírus de herpes genital a um parceiro desavisado (2,8–11).
Quão comum é a herpes genital?
A herpes genital é bastante comum, mas como muitas pessoas são assintomáticas ou estão em uma fase entre surtos visíveis, ela é percebida como menos comum do que realmente é.
Estima-se que a herpes genital causada pelo HSV-2 seja a segunda IST mais prevalente nos Estados Unidos da América, afetando quase 24 milhões de pessoas entre 15 e 49 anos de idade (12).
No entanto, essa estimativa leva em consideração apenas as pessoas com o vírus HSV-2. Como a herpes genital está sendo cada vez mais causada pelo HSV-1 (13), o número de pessoas com infecções por herpes genital provavelmente é ainda maior.
Em todo o mundo, estima-se que entre 274 e 678 milhões de pessoas com idades entre 15 e 49 anos vivam com o HSV-2, com uma prevalência global de cerca de 1 em cada 10 pessoas com HSV-2 (14).
Mais mulheres do que homens são afetadas pelo HSV-2 (14); isso ocorre porque a herpes é mais facilmente transmitido para a parceira durante o sexo (3).
Como a herpes genital não tem cura, o número de pessoas infectadas em uma população só pode aumentar à medida que mais e mais pessoas são infectadas. A única maneira de reduzir a herpes genital em uma população é por meio da prevenção.
A herpes oral causado pelo HSV-1 também pode ser uma fonte de herpes genital. Em todo o mundo, estima-se que 2 em cada 3 pessoas com menos de 50 anos — cerca de 3,7 bilhões de pessoas — estejam infectadas com o HSV-1 (3).
Como posso prevenir a contração ou a propagação de herpes genital?
Utilize sempre preservativo e/ou barreiras
Ter uma vida sexual ativa coloca as pessoas em risco de contrair uma IST. Praticar sexo seguro e utilizar preservativos pode reduzir moderadamente o risco de contrair herpes genital (15).
As pessoas que utilizam preservativos sempre que têm relações sexuais têm 30% menos probabilidades de contrair herpes genital (15).
Os preservativos devem ser usados antes de qualquer contato genital ou sexual — não apenas durante a ejaculação. Como os surtos e a disseminação viral podem ocorrer em áreas não cobertas pelo preservativo, a proteção total — mesmo com o uso perfeito e consistente do preservativo — não pode ser garantida (15).
Faça uma inspeção visual
Pessoas com surtos (bolhas de herpes presentes na área genital) devem se abster de atividade sexual até que as feridas estejam totalmente curadas.
O risco de transmissão de herpes genital é maior durante os surtos, quando a disseminação viral está no auge.
Se uma pessoa com herpes genital sentir sintomas prodrômicos — ela percebe que um surto de herpes ocorrerá em breve —, então a relação sexual deve ser evitada até que o surto tenha diminuído e todas as bolhas e úlceras tenham cicatrizado completamente.
Pergunte sobre o histórico sexual
Pergunte a todos os parceiros e/ou parceiras se eles fizeram exames recentes para ISTs antes do contato sexual.
Limitar o número de pessoas com quem você se relaciona também diminuirá o risco de contrair herpes genital e outras ISTs.
Se você teve relações sexuais desprotegidas ou se apresenta sintomas de herpes genital, consulte seu médico ou clínica local especializada em ISTs para fazer exames.
Se você tem herpes genital, seja sincera(o) com seu(ua) parceiro(a) e converse sobre os riscos de transmissão.
A ducha vaginal deve ser evitada, pois isso pode aumentar as chances de contrair uma IST (16).
Pesquisadores estão trabalhando no desenvolvimento de outras estratégias preventivas, como uma vacina contra o HSV e microbicidas tópicos para ajudar a prevenir a propagação da herpes (3).
Como a herpes genital é diagnosticado?
Para diagnosticar uma infecção por herpes genital, um profissional de saúde inspecionará as lesões e discutirá o histórico sexual e (se aplicável) surtos anteriores de herpes. O profissional pode realizar exames laboratoriais das lesões ou exames de sangue para detectar o vírus (17).
Como a herpes genital é tratada?
O vírus herpes simplex não tem cura, mas pode ser tratado com medicamentos antivirais para ajudar a controlar os surtos. Esses medicamentos ajudam a prevenir a ocorrência frequente de surtos e a reduzir a gravidade e a duração dos sintomas (3).
Existem dois tratamentos diferentes para pessoas com herpes genital: terapia supressiva e tratamento episódico.
Na terapia supressiva, medicamentos antivirais são tomados diariamente para reduzir a frequência dos surtos de herpes (4). Ter surtos menos frequentes significa menos episódios de lesões genitais dolorosas e menos disseminação viral, o que ajudará a reduzir o risco de transmitir a herpes a alguém.
O tratamento episódico pode ser mais adequado para pessoas com surtos pouco frequentes.
Os antivirais são administrados no início dos sintomas para ajudar a amenizá-los e encurtar a duração do surto (17).
Se você tem herpes genital, converse com seu médico para determinar qual opção de tratamento é melhor para você.
Para pessoas com bolhas de herpes dentro da vagina, o uso de absorventes internos ou copos menstruais durante a menstruação pode ser doloroso ou irritante, tornando os absorventes externos ou roupas íntimas menstruais uma opção melhor durante os surtos.
Quais são as possíveis complicações da herpes genital?
Gravidez e herpes
É possível transmitir uma infecção por herpes genital para o bebê durante o parto (4,17).
A taxa de transmissão depende da presença ou não de lesões de herpes no momento do parto.
Se não houver lesões de herpes genital ou sintomas prodrômicos no início do trabalho de parto, uma mãe com infecção conhecida por herpes ainda pode dar à luz um bebê saudável por via vaginal.
Mas se houver um surto de herpes no momento do parto, ou se a mãe tiver contraído herpes genital recentemente, perto da data do parto, será realizada uma cesariana para ajudar a reduzir o risco de transmissão de herpes para o bebê (17).
Se você for gestante e não tiver herpes genital, evite relações sexuais com qualquer pessoa que você saiba ou suspeite que tenha herpes genital, especialmente no terceiro trimestre (17).
Herpes neonatal
Se um recém-nascido for exposto ao vírus de herpes, as consequências podem ser graves e até fatais (3,18). Os bebês podem desenvolver infecções na pele, nos olhos ou na boca, no sistema nervoso central ou mesmo em todo o corpo, afetando vários sistemas orgânicos ao mesmo tempo (18).
HIV e herpes genital
Ter HIV coloca a pessoa em maior risco de contrair herpes genital, e ter herpes genital coloca a pessoa em maior risco de contrair HIV.
Pessoas imunocomprometidas (incluindo pessoas com HIV) frequentemente apresentam surtos de herpes genital mais longos e graves, além de maior disseminação do vírus de herpes (17). As feridas abertas causadas pelo herpes aumentam a probabilidade de transmissão do HIV e do vírus herpes simplex (CDC).
Estima-se que pessoas com herpes genital tenham três vezes mais chances de contrair HIV quando expostas (19).
Outros impactos da herpes genital
É importante lembrar também que há impactos mentais e sociais em ter uma IST incurável. Muitas pessoas com sintomas recorrentes de herpes genital podem se sentir estigmatizadas ou com medo de ter relações sexuais. Mas as pessoas devem lembrar que, embora a herpes genital não tenha cura, ele é controlável, e os surtos geralmente diminuem com o tempo.
A maioria das pessoas vive uma vida saudável e feliz com herpes genital (3).