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Três balões de fala: um contendo um vírus, um contendo um coração e outro um preservativo.

Arte: Marta Pucci

Tempo de leitura: 7 min

Como contar a parceiros(as) que você tem uma infecção sexual (IST)?

*Tradução: Jade Augusto Gola

Nota: em 2016 no Brasil foi alterada a designação costumeira de DST (Doença sexualmente transmissível) para IST (Infecção sexualmente transmissível), seguindo protocolo da Organização Mundial de Saúde.

Há muita desinformação e estigma sobre as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), e muitas vezes é um tópico difícil de conversar. Mas precisamos tocar no assunto.

As infecções sexuais são comuns, especialmente entre adolescentes e jovens adultos com vida sexual ativa. Numa pesquisa nacionalmente representativa feita nos Estados Unidos, 24% das garotas adolescentes testadas tinham alguma IST, mais comumente o vírus do papiloma humano (HPV), que costuma não apresentar sintomas (1).

Discutir abertamente sobre nossa saúde sexual não é algo que nos ensinam, mas é uma parte importante do autocuidado e zelo com quem nos relacionamos. É importante desmistificar as vergonhas desnecessárias e os estigmas associados com as infecções sexuais, tabus que causam um aumento das infecções ao evitar que as pessoas busquem tratamento, afetando sua saúde e qualidade de vida (2). Pesquisas já ilustraram que pessoas que são mais abertas a falar sobre o status de suas ISTs para parceiros(as) têm sentimentos muito mais positivos em relação a sua sexualidade em comparação a quem não conversa sobre ISTs (3).

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Mas como falar com seu(ua) parceiro(a) que você tem uma infecção sexual? Veja a seguira uma lista com dicas.

1. Teste-se para infecções sexuais

É possível ter uma infecção sexual sem você saber. A maioria das ISTs são transmitidas nestas situações em que não temos sintomas; as pessoas não percebem que estão infectadas. E algumas infecções, como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), não aparecem em testes meses após o contágio e mesmo assim já podem ser transmitidas para os outros. Então é sempre uma boa ideia testar-se antes de qualquer relação sexual e depois novamente após alguns meses, praticando sexo seguro no meio tempo. Se seus testes vierem negativos, ótimo. Mesmo assim ainda é importante conversar com parceiros(as), paqueras ou flertes sobre seus hábitos sexuais e sobre sexo seguro, além de testar-se novamente depois de algum encontro. Mas e se algum exame de infecção sexual vier positivo? Veja a seguir como proceder.

2. Não fuja dos fatos!

Não acredite em tudo que você escuta por aí sobre infecções sexuais. Faça alguma pesquisa sobre sintomas, tratamentos e como as infecções podem ser transmitidas. Lembre-se que muita gente tem infecções sexuais e não sabe, então se você sabe seu status e tem seus encontros com responsabilidade, a chance de passar infecções é baixa.

3. Converse com parceiros(as) antes do sexo (e, se você tiver herpes, antes dos beijos)

O melhor momento para esta conversa é antes da prática sexual (sexo oral incluso). Dependendo de qual IST você tenha, talvez seja necessário tocar no assunto ainda antes: se você tem herpes oral, é bom avisar antes dos bejios. Se você está portando uma infecção genital, é importante comunicar o fato antes de qualquer tipo de sexo: oral, vaginal, anal ou até mesmo brincadeiras com os dedos.

Tanto em um encontro casual como numa relação séria, é importante discutir a saúde sexual com parceiros(as) e perguntar a eles(as) sobre o tema. Isso permite a você descobrir se a pessoa com quem você está se relacionando tem alguma infecção sexual transmissível e dá a vocês melhores chances de tomarem decisões informadas sobre qual tipo de sexo vocês querem ter e que medidas tomar para o sexo ser ainda mais seguro.

4. Decida como você quer se comunicar

Se você decidiu ter uma conversa franca sobre o tema, escolha um lugar ou contexto em que você sinta-se confortável para tal discussão. Se possível, tenha em mente uma saída próxima para deixar a discussão e afastar-se caso a reação da outra pessoa é negativa, agressiva e te faz sentir-se em perigo.

Se você não puder encontrar pessoalmente ou não sente-se segura para tanto, você pode ainda mandar uma mensagem de texto ou ter uma chamada em vídeo com a outra pessoa. Tudo depende da relação de vocês e como você prefere se comunicar.

5. Prepare-se para a conversa

Tenha a conversa em uma hora e lugar em que você sinta-se confiante, especialmente se você não sabe como o papo irá acabar. Uma boa ideia é encontrar alguma(o) amiga(o) depois da conversa, para suporte. Algumas pessoas querem abordar o tema rapidamente, outras preferem fazê-lo depois de alguns encontros (não sexuais, é claro), para assim conhecer melhor a outra pessoa antes. Isso depende de você e do quão rápido você quer ter sexo.

6. Abra o tema para discussão

Uma boa maneira de começar é dizendo que você se importa com ele(a) e que deseja que tudo aconteça da maneira mais segura, por proteção. Pergunte de maneira franca sobre o histórico de saúde sexual dele(a), se ele(a) já teve uma IST ou tem alguma no momento. Você pode também, de maneira direta, dizer que está com uma infecção sexual e perguntar se ele(a) tem alguma dúvida ou quais são os receios. Essa é a hora de estipular quais serão, deste modo, as medidas para vocês terem sexo seguro; ou conversar sobre tratamentos, medicação e como lidar com a infecção.

É normal ter vergonha, mas vocês se sentirão melhor quando desenrolarem o assunto de uma vez. E seu(ua) parceiro(a) pode sentir alívio e gratidão por você ter tocado no assunto.

Essa conversa também é uma chance para você aprender mais sobre o histórico sexual de parceiros e parceiras. A seguir, algumas questões pertinentes para perguntar numa conversa sobre saúde sexual com parceiros(as).

Perguntas a serem feitas:

  • Você sabe se tem alguma infecção sexual transmissível (IST) no momento?

  • Quando foi a última vez em que você testou-se para ISTs?

  • Você sempre usa preservativos?

  • Você já compartilhou seringas com alguém ao usar drogas ou para tatuagens ou piercings?

  • Você já teve infecções sexuais anteriormente? Quais? Você as tratou?

  • Você ou algum de seus(as) parceiros(as) têm alguma IST no momento?

  • Você está tendo sexo desprotegido com alguém?

Seu(a) parceiro(a) ou "date" pode até mentir sobre o status de suas ISTs, mas ao menos você perguntou. De fato, a reação deles(as) ao discutir o tema te ajudará a conhecer melhor essa(s) pessoa(s). Se a outra pessoa mostra-se muito resistente a conversar sobre o assunto, isso pode afetar sua decisão sobre vocês terem sexo.

7. Antecipe as possíveis reações

Seu(ua) parceiro(a) pode agradecer-te por tocar no assunto, dizer que isso não muda nada no que há entre vocês e até impressionar-se por você ter tocado no assunto. Uma reação nesse sentido pode até fazer você gostar mais dele(a).

Mas também é possível que a reação não seja tão boa. Talvez ele(a) possa expressar surpresa e descontentamento ("não pode ser verdade!") ou até mesmo medo ("mas o que você vai fazer a respeito?"). É possível também que ele(a) reaja com julgamentos ("você está tendo sexo por aí?") e até mesmo rejeição ("eu não quero estar contigo se você tem uma infecção").

Talvez você sinta-se mal com algumas dessas reações ao contar sobre seu status de IST. Você pode escolher responder com os fatos, dizendo que a reação dele(a) foi desinformada ou moralista, mas também é compreensível se você não quiser dizer nada em resposta. Você pode deixar para lá e tocar no assunto depois. Talvez ele(a) tenha uma atitude depois de algum tempo refletindo sobre a conversa.

Mas se você não gostou de maneira nenhuma da reação e não quer manter mais nenhum contato, também é a sua decisão. Lembre-se que as reações de parceiro(as) e pretendentes dizem mais a respeito deles do que de você. Tome algum tempo para pensar no que é bom para você e no que te faz sentir bem, refletindo individualmente ou com amigos e/ou familiares.

8. Orgulhe-se de ter feito a coisa certa!

Pode ser assustador abrir-se e sentir-se vulnerável ao compartilhar algo sobre sua intimidade como o histórico sexual. É uma conversa difícil de ter, então orgulhe-se de você por dar esse papo em relação à sua saúde, não importando a reação de seu(ua) parceiro(a). A única maneira errada de comunicar a alguém que você tem uma infecção sexual transmissível é não dizendo absolutamente nada, mantendo mitos e dúvidas sobre o tema.

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