A photo of a black woman showing the shoulder, neck and hair

Foto por Franz Grünewald, direção de arte por Marta Pucci

Tempo de leitura: 18 min

Pessoas negras e não brancas contam como tiveram educação sexual

*Adaptação e tradução: Kenya Sade

Nota da tradutora: a expressão em inglês "people of color" faz menção a todas as pessoas que não são brancas (negras, índias, asiáticas, árabes, latinas, indianas). Nos EUA, é utilizada principalmente para tratar de pessoas negras, latinas e asiáticas. No Brasil, até a década de 1960 utilizava-se a expressão “pessoas de cor” como termo pejorativo para diminuir o sujeito negro. Atualmente, não utilizamos a expressão em nenhuma hipótese. Por tanto, ao traduzir a melhor colocação é: pessoas negras e não brancas ou pessoas não brancas. Mas como é um artigo específico, segue o título como “Pessoas negras e não-brancas relatam suas experiências com educação sexual”. Algumas palavras foram adaptadas de acordo com a língua portuguesa, visto que no inglês o gênero de muitas palavras é neutro.

Outro dia, minha mãe abriu a minha foto de perfil no WhatsApp: era um pacote de camisinhas. E na descrição do perfil, para deixar mais interessante e alegrar os ânimos, eu escrevi: "a única coisa negativa na minha vida tem de ser o resultado do teste de gravidez". 

Logo, ela deixou mais de 7 chamadas perdidas no meu celular e me enviou um textão. 

Depois, ela ligou perguntando se eu já havia iniciado a minha vida sexual. Eu a respondi questionando o que exatamente ela quer dizer com sexo, já que eu nunca havia ouvido essa palavra antes—não vinda dela. A propósito, eu tenho 25 anos. 

“Como você acha que eu aprenderia sobre sexo, mãe?”

Do outro lado da linha, o silêncio ensurdecedor fez-se presente. 

Cada experiência com educação sexual é diferente. Como uma jovem mulher negra, eu estava curiosa para ouvir de outras pessoas não-brancas como foram suas experiências com educação sexual. Assim, entramos em contato com usuárixs do Clue e impressionou o número de respostas recebidas de pessoas do mundo todo. 

4.8

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Imagem padrão

“Boa parte do que aprendi sobre educação sexual foi pela internet.”

“Fui apresentada à educação sexual aos 12 anos somente porque estava no currículo escolar. Mas boa parte do que aprendi foi pela internet fazendo pesquisa. Ainda não me sinto confortável de falar sobre sexo na escola ou com parentes e adultos. Eu gostaria que a minha educação sexual tivesse sido aprofundada em relação a contraceptivos e ISTs.”

—Mercedes, gênero feminino, 21, africana, recebeu educação sexual em Gana 

"Parecia que eu estava cometendo um crime quando fazia algo relacionado a sexo."

"Acho que nunca tive uma educação sexual. Fui aprendendo na vida, falando com amigos na escola até ver pela primeira vez uma cena de pornô. É algo que eu gostaria de ter tido uma relação mais aberta na minha infância/adolescência. Eu com 27 anos ainda não tive uma conversa aberta sobre sexo com os meus pais. Eles sabem que não sou virgem apenas porque namorei algumas vezes. Se eu não tivesse tido nenhum relacionamento, talvez eles ainda acreditassem na minha virgindade.

—Juliana, gênero feminino, 27, afro-brasileira, São Paulo, recebeu educação sexual na Espanha

"Dizer a uma adolescente de 15 anos 'você pegará AIDS e irá morrer' é muito dramático e desconfortável."

“Da minha experiência, pais religiosos negros dizem para você não fazer sexo antes do casamento. E eles exageram as consequências sem comprovar estatisticamente. Eles poderiam ser mais honestos e abertos sobre o assunto, dizendo: sim, você pode pegar HIV, mas explicando 'como' e quem está em risco, e como evitar pegar doenças sexualmente transmissíveis

Dizer a uma adolescente de 15 anos: 'você pegará AIDS e irá morrer é muito dramático e desconfortável'. Nós damos de ombros e seguimos. Muitas vezes, perdemos a oportunidade de entender quão importante métodos contraceptivos são para a saúde sexual e como adolescentes podem ter acesso ao temaSei que muitas meninas que ficaram grávidas na adolescência na minha escola poderiam ter evitado isso, a gente só não sabia como".

—Brittanie Elle, gênero feminino, 30 anos, afro-americana, recebeu educação sexual na Alemanha

"Gostaria que a igreja não criasse a imagem do sexo como algo a se odiar."

"Tive educação sexual um pouco na escola e um pouco com amigas, mas descobri o que era sexo pequisando sozinha. Não me sentia à vontade, principalmente porque eu era evangélica e somos ensinadas a oprimir nossos sentimentos e desejos carnais.

A maneira como a igreja relatava me fez pensar que era algo perigoso, sujo. Isso causa pânico e só nos prejudica na puberdade."

—Jennifer, gênero feminino, bissexual, 24 anos, afro-indígena, recebeu educação sexual em Belém do Pará

"Eu nunca me senti confortável para falar sobre sexo com meus pais."

"Meu primeiro contato com educação sexual foi aos 11 anos quando nos mostravam vídeos curtos sobre sexo em desenho animado, na escola. Eu achava muito engraçado e todos fazíamos piadas sobre, mas eu nunca me senti confortável para falar sobre sexo com meus pais. Ainda não me sinto. Foi fácil entender sobre educação sexual, mas não foi totalmente útil na puberdade pelo fato de eu ter me desenvolvido muito mais tarde do que todos os outros. Eu gostaria que fôssemos ensinados sobre sexo seguro."

—Anônimo, gênero feminino, 31, aborígine, recebeu educação sexual na Austrália

"Na aula de ciências aprendi a fisiologia da coisa, mas não conta, né?"

"Conversei sobre sexo pela primeira vez com os meninos na escola, falando sobre vídeo pornô. Não me sentia à vontade. Me atrapalhou, demorou um tempo até eu descobrir o que eu gosto.

Eu tive que desconstruir meu pensamento de garota de classe média católica de que sentir prazer era algo errado, que ter desejo era pecado e que sexo era algo sujo. A masturbação me ajudou bastante nisso, me fazendo, inclusive, entender a minha própria orientação sexual."

—Anônimo, gênero feminino, 27, afro-brasileira, recebeu educação sexual no Rio de Janeiro

"Na escola, tive problemas por falar sobre sexo. Os professores achavam que eu não tinha idade para querer saber de onde vinham os bebês."

"Eu fiquei confusx quando aprendi sobre sexo, na quinta série. Nós fomos ensinados a como colocar camisinha em um pênis de madeira, mas eu não conseguia visualizar como o pênis ficava ereto e cabia naquele buraco. Os desenhos e textos na biblioteca não explicavam como era o processo e eu entrei em encrenca por falar sobre sexo. Os professores achavam que eu era muito novx para querer saber de onde vinham os bebês. 

Sexo é um tema sagrado na minha cultura, algo proibido de se falar e somente executado por pessoas casadas com o sexo oposto. Porém, eu gostaria de ter aprendido sobre educação sexual de forma mais aberta, plural e que envolvesse questões LGBT."

—Anônimo, gênero neutro, 35, etnia métis, recebeu educação sexual no Canadá

"Não tive coragem de contar pra ninguém quando aconteceu a minha primeira vez."

"Nunca tive contato algum com educação sexual. Em casa, ‘sexo’ sempre foi considerado um tema tabu pela minha família. Eu me recordo de conversar bastante sobre sexo quando eu ainda era virgem com a minha prima que tem a mesma idade que eu.

Quando atingi a puberdade e os hormônios começaram a borbulhar no meu corpo, eu sozinha comecei a procurar informações pela internet. Acontecia trocas de informações entre essa prima e também uma ou duas amigas mais íntimas. Entre familiares e adultos e na escola, nunca!

Por conta da minha falta de instrução e de todo o tabu em torno do sexo feminino, especialmente, eu tinha bem pouca informação didática sobre sexo. Sempre fui atenta à forma com que me sentia vivenciando experiências, portanto logo me atentei à questão do orgasmo e de como isso era importante pra não rolar aquele sentimento angustiante pós sexo, o sentimento de que você foi usada."

—Anônimo, 31, afro-brasileira, heterossexual, recebeu educação sexual em Salvador

“Educação sexual não foi feita para ensinar, mas sim para nos assustar.”

"A educação sexual que eu recebi aos 9 anos era escassamente detalhada, e eu aprendi muitas coisas sozinha depois que minha mãe morreu. Foi estranho inicialmente porque era algo descrito para mim como assustador.

Deveria haver um conhecimento aprofundado sobre sexo, adolescentes deveriam saber a verdade sobre sexo. Esse conhecimento não deveria ser usado como uma ferramenta para nos assustar do ato." 

—Anônimo, gênero feminino, 25, africana, recebeu educação sexual na Nigéria

"As mulheres são condicionadas a acreditar que sexo e prazer é algo para os homens."

"O meu primeiro contato com educação sexual foi aos 17 anos, quando eu fiz intercâmbio e conheci meu marido. Aprendi pela internet e com o meu marido brasileiro, mas que mora nos EUA. Ele já era mais experiente do que eu. 

Sempre fui muito curiosa em relação a sexo, assistia ao clipes de hip hop e me dava algumas sensações que até então eu não sabia explicar. Eu ficava com medo de fazer algo errado, isso me trouxe muita insegurança.

As mulheres são condicionadas a acreditar que estão ali para só para satisfazer os homens, mas com o tempo você estuda, aprende, se educa e percebe que o discurso é criado desta forma para nos controlar. O machismo não permite que as mulheres sejam serem sexuais como os homens. Gostaria que a sociedade fosse mais livre e as mulheres tivessem uma educação sexual acessível, livre da vergonha."

—Natalia Rodrigues, gênero feminino, 25, afro-brasileira, São Paulo, recebeu educação sexual nos Estados Unidos

"Gostaria que minha educação sexual tivesse envolvido diferentes orientações sexuais, já que não sou hétero."

“Aprendi sobre sexo aos 13 anos, numa escola para garotas e tivemos até uma prova sobre o tema. Minha educação sexual foi de fácil compreensão, mas eu gostaria que tivesse envolvido diferentes orientações sexuais, já que não sou hétero.

Eu nunca falei sobre sexo com os meus pais, e não é um tema discutido frequentemente em público, porque ainda é um tabu em nossa sociedade. Garotas tendem a ser odiadas se falarem sobre sexo muito abertamente."

—Indigo, gênero feminino, 20, chinesa, São Paulo, recebeu educação sexual em Taiwan

"Não conseguimos aprender o suficiente sobre educação sexual porque métodos contraceptivos não são permitidos como ensino obrigatório nas escolas."

“Fui apresentada à educação sexual aos 10 anos, na quinta série. É uma vergonha os meus pais não terem me falado sobre. Na escola, a maioria dos livros didáticos somente advertiam: há alguns erros sobre educação sexual na internet e na mídia. Eu esclareci muitos dos meus questionamentos sobre sexo pela internet

Não recebemos educação sexual suficiente, porque métodos contraceptivos não são permitidos como ensino obrigatório nas escolas. Não temos fácil acesso a obstetras e clínicas de ginecologia, porque são considerados majoritariamente para grávidas. Se você fosse visitar essas clínicas ainda jovem, você seria considerada uma prostituta pelo fato de ter iniciado a vida sexual precocemente."

—Anônimo, gênero feminino, 29, japonesa, recebeu educação sexual no Japão

"O que eu aprecio em minha educação sexual é que não me ensinaram a evitar a fazer sexo."

“Sexo me foi apresentado como uma atividade recreacional, já que aprendi através da pornografia. Aprendi sobre educação sexual somente na terceira série e me foi ensinado que sexo era feito por outras razões. Eu e meus pais nunca tivemos uma conversa formal sobre o assunto, mas falávamos sobre gravidez, assim como os 'medos' de ter relações sexuais precocemente. Entretanto, a dinâmica mudou no ensino médio quando eu aprendi sobre sexo seguro e nos foi dado pacotes de contraceptivos. Havia também muitas lições sobre consentimento, estupro e o que fazer em certas situações. Foi útil porque me inspirou a prestar atenção em minha saúde sexual e também me permitiu informar meus amigos. 

O que eu aprecio em minha educação sexual é que não me ensinaram a evitar a fazer sexo. Sexo é inevitável na adolescência e foi produtivo compartilhar informações de qualidade entre amigos. Ganhei muitos benefícios em relação à minha vida sexual pelo fato de ter sido apresentada a uma vasta quantidade de informação sobre educação sexual.

—Lena, gênero feminino, 17, latina, recebeu educação sexual nos Estados Unidos

"Minha educação sexual foi desinteressante, porque pareceu algo que aconteceu para mim e não comigo."

"Aprendi sobre sexo aos 10 anos e não era um tema pelo qual eu me interessava, porque parecia algo que aconteceu para mim e não comigo. Me sentia confortável para falar de sexo com amigos, mas eles sabiam bem pouco ou quase nada sobre o assunto.

Entretanto, era claro que eu não poderia falar de sexo com os meus pais. Gostaria de ter aprendido sobre sexo lésbico e gay."

—Anônimo, gênero feminino,19, asiática, recebeu educação sexual nos Estados Unidos

"Eu gostaria que a minha educação sexual tivesse incluído a informação de como a pornografia deturpa o que é sexo na realidade."

“Eu estava muito animada quando aprendi sobre sexo aos 13 anos. Me sentia mais confortável em abordar a questão com a minha professora de biologia do que com a minha mãe. 

Eu não acho que tenha uma palavra no meu dialeto (axânte) para designar sexo, são todos homônimos para outros verbos. O mais comum é nos referirmos ao sexo como alguém “comendo” a pessoa. Tudo relacionado à sexo, em minha cultura, é velado com provérbios e linguagem enigmática que essencialmente equivale a sexo como sendo algo sujo, perverso. 

Eu tirei, durante anos, meu absorvente para fazer xixi, pelo simples fato de não saber por onde a urina saía. Gostaria que a minha educação sexual tivesse incluído a informação de como a pornografia deturpa o que é sexo na realidade e tivesse mais informação sobre contraceptivos."

—Okornore, gênero feminino, 28, africana, recebeu educação sexual na Alemanha

"Durante toda a minha vida me diziam para eu fechar os olhos até mesmo para uma cena de beijo."

"Sexo sempre foi um assunto tabu na minha cultura. Na minha vida, presenciei dois momentos no qual sexo foi criado em um ambiente educacional: quando eram abordados os tema menstruação e puberdade. Eu me sentia muito desconfortável sempre que o assunto era trazido à tona. Durante toda a minha vida, me diziam para eu fechar os olhos até mesmo para uma cena de beijo. Sendo assim, sexo não era discutido em nenhuma circunstância. 

Na escola, meninos e meninas eram separados durante as duas aulas de educação sexual e nunca conversávamos sobre o assunto. Minha mãe provavelmente disse a palavra sexo em voz alta só umas cinco vezes durante toda minha vida e sei que nenhum dos meus amigos conversou sobre educação sexual com os pais. Mesmo enquanto jovem adulta, ainda busco diagramas online para entender completamente certos aspectos da saúde reprodutiva. 

Eu gostaria que a minha educação sexual fosse recorrente, prática e sem o estigma da vergonha. Acima de tudo, gostaria que a temática não tivesse estigmas e que meus pais se sentissem confortáveis o suficiente para falar abertamente comigo sobre isso. Tantas coisas 'normais' da puberdade eram surpresas, apenas informadas para mim pela internet ou pelo Clue app."

—Anônimo, 29, gênero feminino, árabe, recebeu educação sexual em escola islâmica nos Estados Unidos

"Não consigo entender como eu acreditei nessa mentira sobre sexo por 26 longos anos de tesão."

"A educação sexual que eu recebi aos 13 anos foi assustadora e senti que não deveria falar com ninguém sobre. Tudo que minha mãe me ensinou sobre o assunto foi: sexo é o mal que lhe trará uma gravidez inesperada, irá acabar com a sua carreira e você será uma mãe solteira desprezada pela sociedade (pelo menos no cenário africano onde fui criada). Basicamente, sexo é o infortúnio que pode me acontecer e tornar a minha vida parecida com a de minha própria mãe. Infelizmente, foi desta maneira que a pauta sexo me foi entregue.

Eu tenho 26 anos, sou virgem, e isso afetou grandemente todos os meus relacionamentos, porque a maioria dos meus parceiros queria sexo com penetração. Eu fui ensinada que sexo no relacionamento só prejudica a relação, porque o seu parceiro começa a te desrespeitar e eventualmente irá te largar por outra pessoa, uma virgem—a qual ele irá 'levar para a casa da mamãe'. Vi relacionamentos de amigas sexualmente ativas florescerem, não consigo entender como eu acreditei nessa mentira sobre sexo por 26 longos anos!

Há aproximadamente 200 culturas na Nigéria e a cultura iorubá, da qual faço parte, tem uma tradição antiga em relação a casamento e sexo (que minha família ainda mantém, infelizmente). A tradição diz que no dia do casamento (heterossexual, porque é Nigéria) os pais do noivo têm que esperar do lado de fora do quarto enquanto os recém casados têm a primeira experiência sexual. 

Um lençol branco é utilizado na ocasião para que se possa provar pós-sexo que a noiva era virgem, a prova é o sangue vermelho deixado no lençol. Caso a noiva não seja virgem, os pais do noivo retornam à casa dos pais da noiva com uma garrafa de vinho meio cheia e uma caixa de fósforos quase vazia para insinuar 'que a esposa que eles casaram na família é uma pecadora'. Desse modo, por conta dessa tradição, nós somos obrigadas a permanecer virgens até o casamento, caso contrário, iremos difamar a nossa família. 

—Olamide, gênero feminino, 26, iorubá, recebeu educação sexual na Nigéria

"Um dos grandes benefícios da minha vida foi o fato de minha mãe ser realmente aberta a falar sobre educação sexual."

"Meu primeiro contato com educação sexual foi estranho porque aprendi na aula de ciências, na escola e nosso professor era desajeitado para falar sobre o assunto. Na minha cultura, sexo é um tema tabu se você não é casada. Entretanto, um dos grandes benefícios da minha vida foi o fato de minha mãe estar realmente aberta a falar sobre educação sexual. A maioria dos pais deveria ser desse jeito, ajudaria muito todas as crianças.” 

—Nadhirah, gênero feminino, 28, recebeu educação na Malásia

"Fui criada para acreditar que mulheres não pensam tanto em sexo quanto homens"

Fui apresentada a educação sexual na quinta série, eu estava muito animada pois finalmente comecei a entender o que eram aquelas sensações que comecei a sentir. Também tive melhor entendimento sobre meu corpo, visto que os sinais da puberdade foram aparecendo aos 10 anos de idade. Infelizmente, fui criada para acreditar que mulheres não pensam tanto em sexo quanto homens. Minha educação sexual foi de fácil compreensão, visto de uma perspectiva heterossexual, o que foi útil na pré-adolescência. Mas na ensino médio, fui descobrindo minha sexualidade e necessitava saber outras informações sobre prevenção e sexo LGBT."

—Anônimo, gênero feminino, 29, afro-americana, recebeu educação sexual nos Estados Unidos

"O que aprendi sozinha sobre sexo foi mais útil do que qualquer outra coisa que me foi ensinada."

"Comecei a masturbar-me bem nova, então pude descobrir meu corpo e entender melhor todas essas sensações que nascem na puberdade. Me escondia e assistia a cenas de sexo de filmes e pornôs que passavam tarde da noite. 

Aos 16 anos, foi meu primeiro contato formal com educação sexual. Era apenas um ensino clínico focado nos órgãos genitais: como os bebês eram concedidos, DSTs, e como fazer sexo seguro. Mas eu digo, o que aprendi sozinha sobre sexo foi mais útil do que qualquer outra coisa que me foi ensinada. Embora, eu estivesse aberta para discussões sobre sexo aos 16. Às vezes, me diziam que eu era muito nova para ser tão entendida do assunto.

Gostaria que minha educação sexual tivesse me proporcionado um espaço seguro no qual eu pudesse fazer perguntas e não me sentir humilhada, envergonhada por ter interesse em falar sobre sexo. Na Europa, programas de educação sexual são bem mais avançados do que na América, gostaria de ter tido o mesmo tipo de currículo escolar que eles."

—Lakeisha R., gênero feminino, 32, multicultural, recebeu educação sexual nos Estados Unidos

"Nasci numa casa rodeada de mulheres e ainda assim sexo era um tema tabu."

"Aprendi sozinha sobre sexo, por volta de uns 14 anos, conversando com amigas e dando risada sobre o que não conhecíamos, achávamos os meninos bonitos e ficávamos curiosas de como deveria ser, mas nunca minha família conversou comigo sobre, gostaria que minha família tivesse dado abertura para que eu conversasse sobre sexo."

—Gabriela, 29, gênero feminino, afro-brasileira, recebeu educação sexual em São Paulo

"Só me senti confortável para falar sobre sexo há dois anos."

"Aprendi sobre educação sexual aos 16 anos e me pareceu perigoso e sujo. Tem muita informação sobre sexo que é deixada de lado e a maioria dos jovens, da minha cultura, não a compreendem. Há muitos mitos sobre sexo e isso afeta indiretamente nosso entendimento sobre o tópico.

Gostaria de ter aprendi a ter uma vida sexual saudável, minha educação sexual não era abrangente. Aprendi sobre sexo aos poucos, tive de juntar todas as peças para compreender as coisas melhor."

—Anônimo, 27, africana, recebeu educação sexual na Nigéria

"Minha primeira experiência com educação sexual foi inesperada... Minha mãe queria ter certeza de que meu conhecimento sobre sexo viesse de uma fonte confiável."

"Minha mãe sentou e começou a me explicar o que acontecia numa relação sexual heterossexual, eu fui pega de surpresa com o assunto. E como ela falava diretamente do assunto, ela trouxe muita leveza ao tema. Como eu tinha 9 anos de idade, não imaginei que falar sobre sexo normalmente faria as pessoas se sentirem estranhas e envergonhadas. Minha mãe queria ter certeza de que meu conhecimento sobre sexo viesse de uma fonte confiável (no caso, ela era a fonte). 

Entretanto, aprender sobre educação sexual na escola foi confuso, me lembro que uma das professoras disse que o clitóris era usado para fazer xixi. Nesta época eu já me masturbava, então conhecia minha anatomia muito bem e fiquei com raiva da professora, mas não poderia dizer nada, pois senão todos iam perguntar 'como você sabe disso?'.

Gostaria de ter sido melhor informada sobre contraceptivos quando eu aprendi sobre sexo. Contraceptivos são acessíveis, em minha cultura, mas somente para pessoas casadas. Jovens e pessoas solteiras ainda recebem olhares dos profissionais de saúde quando vão a clínica para comprar contraceptivos."

—Valerie, gênero feminino, 22, asiática, recebeu educação sexual na Indonésia

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