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Duas mulheres olhando para um telefone

Fotografia: DTS

Tempo de leitura: 14 min

Repensar o autocuidado: como a femtech preenche espaços que a saúde convencional não cobre

by Carrie Walter, e Rhiannon White
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Resumo

Há mais de 10 anos, a empreendedora dinamarquesa Ida Tin criou o termo Femtech para definir uma nova categoria de tecnologias emergentes voltadas a melhorar a saúde das mulheres.

A empolgação potencial com o mercado de Femtech surge do desejo enorme das mulheres de ter mais controle sobre sua saúde reprodutiva. Um ponto fundamental é a capacidade delas de coletar, acompanhar, entender e agir baseadas em suas próprias experiências, usando dados para orientar suas ações. Na última década, vários produtos chegaram ao mercado, impulsionados tanto pela falta de soluções disponíveis para as necessidades de saúde das mulheres quanto pelos rápidos avanços em software e hardware. Agora, a Femtech não é mais uma categoria emergente, mas uma indústria reconhecida que segue evoluindo rapidamente.

No entanto, como setor, a Femtech ainda não explorou totalmente o potencial da experiência de suas consumidoras e a oportunidade econômica que representa. A barreira para concretizar essa promessa reside na tensão entre a experiência vivida continuamente por cada mulher e os dois mercados estruturalmente descontínuos: a Femtech, que coloca o consumidor em primeiro lugar, e os cuidados de saúde tradicionais. As mulheres são forçadas a lidar com essa tensão ao planejar, navegar e gerenciar sua saúde e fertilidade.

A principal questão para a Femtech hoje—e para a saúde das mulheres de forma geral—é como criar uma ponte entre esses dois mercados estruturalmente distintos.. Se essa lacuna for preenchida, as mulheres finalmente poderão alcançar efetivamente suas prioridades de saúde e reprodução. Essa jornada contínua — da consumidora à paciente e de volta à consumidora — só será plenamente atendida quando as mulheres tiverem informações completas sobre seus próprios fatores de estilo de vida e opções de tratamento particular, além de estarem empoderadas para acessar o melhor cuidado de saúde reembolsável ao qual têm direito. A insatisfação generalizada com o status quo está levando a experiências iniciais que unem esses dois mercados estruturalmente descontínuos. À medida que essas experiências ganham força e agregam valor, elas irão cada vez mais preencher a lacuna entre o autocuidado e os cuidados de saúde, levando à próxima evolução na Femtech e na saúde feminina.

Femtech: Uma categoria tecnológica nascida da profunda insatisfação das mulheres com o status quo

A Femtech é uma categoria orientada para a consumidora; as mulheres muitas vezes têm que encontrar elas mesmas suas próprias soluções de saúde. Não porque querem, mas porque precisam, devido ao subinvestimento crônico e à falta de serviços na área da saúde feminina¹. Isso inclui a exclusão definicional de muitos sintomas de saúde especificamente femininos das condições que recebem tratamento reembolsável. À medida que a categoria amadureceu e novos produtos e serviços surgiram, as mulheres estão essencialmente construindo sua própria plataforma privada de Femtech. A primeira e mais desenvolvida dimensão é a “diagnóstica”, que consiste em ferramentas que as ajudam a descobrir o que está acontecendo com sua saúde e seus corpos.

O desenvolvimento dessas ferramentas explodiu nos últimos anos, graças à tecnologia voltada ao consumidor, que permite às pessoas coletar e analisar dados que antes ficavam restritos aos profissionais de saúde — quando esses dados sequer podiam ser gerados ou analisados. A dimensão “terapêutica” da categoria Femtech é mais diversificada e fragmentada, consistindo em medidas de autocuidado (muitas vezes mudanças no estilo de vida ou tratamentos especulativos, como suplementos com poucos dados clínicos que os sustentem). Muitas vezes, o autodiagnóstico é usado para ajudar as mulheres a se defenderem diante de profissionais de saúde, com o objetivo de acessar quaisquer soluções convencionais e reembolsáveis disponíveis no sistema de saúde local. Às vezes, informações baseadas em dados apontam diretamente para uma “solução” — como no caso da monitorização da fertilidade, usada pelas mulheres como parte de sua estratégia de planejamento familiar, tanto para engravidar quanto para evitar a gravidez. Deste modo, podemos distinguir quatro etapas distintas, atendidas por um conjunto cada vez mais amplo de tecnologias na categoria Femtech.

Etapa 1: Autoobservação por meio de aplicativos orientados por dados, ancorados no monitoramento do ciclo.

O primeiro lugar ao qual as mulheres costumam recorrer é o poderoso computador que carregam no bolso. Para a grande maioria das pessoas, monitorar e compreender seu ciclo menstrual é um indicador fundamental de sua saúde geral. Muitas das principais observações de saúde do ciclo que as mulheres têm interesse em compreender são inerentemente subjetivas, ou seja, não podem ser medidas com hardwares: dor, humor, energia e desejo sexual. Dessa forma, essa etapa jamais se torna obsoleta e, na maioria das vezes, é onde as mulheres começam sua jornada.. Mais de 100 milhões² de mulheres usam aplicativos de celular para monitorar a menstruação e outros sintomas de saúde, todos os meses. Esses produtos são altamente acessíveis, com versões disponíveis gratuitas e pagas. Eles não precisam de equipamentos adicionais e oferecem experiências fáceis e envolventes de usar. A integração de recursos de inteligência artificial nesses aplicativos permite insights cada vez mais personalizados, tornando-os potencialmente o primeiro ponto de contato das mulheres para tentar entender suas experiências, problemas e opções de tratamento em saúde reprodutiva.

Etapa 2: Integração de dados biométricos de dispositivos vestíveis

Muitas mulheres que querem entender melhor e gerenciar sua saúde—frequentemente por terem uma condição reprodutiva comum ou problemas de fertilidade—recorrem à compra de um dispositivo vestível.

A maioria quer integrar seus dados do monitoramento menstrual com seus dados dos aparelhos vestíveis, sobrepondo dados do ciclo e experiências autoobservadas de dor, energia e humor aos seus dados biométricos. A adoção de dispositivos vestíveis acelerou nos últimos anos com novos formatos, como anéis, pulseiras e relógios inteligentes (produtos "smart"). Embora a adoção esteja aumentando, esses dispositivos continuam significativamente menos acessíveis do que os aplicativos devido aos preços mais altos. Em todos os casos, é necessária alguma funcionalidade de software adicional para ajudar quem os usa a entender esses dados. Geralmente, é um aplicativo e, geralmente, as mulheres querem ver esses dados em relação ao seu ciclo menstrual.

Etapa 3: Experiências com testes hormonais caseiros

Nos últimos anos, os testes hormonais caseiros começaram a se tornar comuns, com muitos métodos novos e pouco invasivos, muito além da detecção da ovulação³. Essa é uma fonte de dados crítica para muitas mulheres e se soma aos dados autoobservados e monitorados biometricamente. Continua sendo uma área de fato muito especializada, por isso está um poco mais abaixo em termos de volume de consumidores na categoria Femtech. Mas isso está mudando rapidamente, à medida que mais opções que abrangem novas possibilidades hormonais surgem no mercado. Como o objetivo é repetir os testes para gerar dados em série temporal — o que é particularmente importante na biologia feminina, já que leituras únicas tendem a ser menos valiosas do que informações sobre flutuações relacionadas aos parâmetros de uma pessoa —, essas medições precisam ser apresentadas e interpretadas no contexto do ciclo menstrual.

Etapa 4: Abordar questões via autocuidado ou auto-defesa na área da saúde

A maioria das mulheres realiza ajustes em seu estilo de vida e hábitos de consumo para acomodar suas necessidades de saúde reprodutiva. Por exemplo, elas podem procurar ou evitar certos alimentos ou suplementos para combater a TPM, o TDPM ou as dores menstruais. Ou podem procurar analgésicos específicos de venda livre, absorventes de CBD ou tecnologias emergentes como Nettle⁴. Mulheres que sabem ou suspeitam ter SOP ou endometriose também podem explorar como diferentes alimentos, suplementos ou medicamentos para perda de peso afetam seus sintomas. E em seu planejamento familiar, elas também precisarão levar em consideração qualquer diagnóstico —ou, mais provavelmente, suspeita de diagnóstico, já que a clareza geralmente leva muitos anos e pode envolver procedimentos invasivos. Por fim, as mulheres costumam levar dados e informações geradas por produtos Femtech em consultas médicas para defenderem seu próprio tratamento. Elas um sabem que um tratamento oportuno e efetivo pode depender disso.

Inúmeras pesquisas constatam consistentemente como as mulheres são subdiagnosticadas e incorretamente diagnosticadas em taxas muito mais altas que os homens, além de tempos de espera mais longos para diagnósticos precisos⁵.

Autocuidado, gasto próprio

Até este momento, uma característica definidora das tecnologias Femtech para cada mulher é que esses produtos são financiados inteiramente do próprio bolso⁶. Para ter acesso aos dados, informações e suporte de saúde que esses produtos oferecem, cada mulher deve pagar por cada componente de seu conjunto de produtos Femtech.

As mulheres são forçadas a navegar em dois mercados estruturalmente descontínuos

Independentemente da complexicdade de seu aparato Femtech pessoal, as mulheres estão usando os dados gerados por esses produtos em suas interações com prestadores de serviços de saúde locais.

Todas as mulheres passam por momentos ao longo da vida em que precisam acessar cuidados e tratamentos relacionados à saúde reprodutiva. Essas necessidades vão muito além dos momentos “clássicos” de saúde reprodutiva, como contracepção, tratamento de fertilidade, gravidez, pós-parto e (peri)menopausa.

Dada a profunda conexão entre os hormônios reprodutivos e a saúde feminina em geral, todas as mulheres eventualmente precisarão conhecer seu diagnóstico e opções de tratamento para questões que vão além das preocupações clássicas de saúde reprodutiva, muitas vezes envolvendo múltiplas questões⁷.

Nesse ponto, as profundas diferenças estruturais entre esses dois mercados tornam-se evidentes, causando atrito para as mulheres. Enquanto as mulheres passam por uma jornada contínua de consumidora/paciente, os dois “mercados” de autocuidado e saúde são completamente descontínuos.

Essa tensão entre a jornada contínua da usuária/paciente e os mercados descontínuos da Femtech e da saúde pode ser visualizada da seguinte maneira.

A mulher é o fio condutor. A fronteira entre os dois mercados torna-se cada vez mais tênue

As mulheres estão utilizando a Femtech para ajudá-las a navegar pelo setor de saúde, muitas vezes opaco e confuso, e para defender os diagnósticos e tratamentos de que precisam.

À medida que trazem seus dados para suas interações com o setor de saúde, elas moldam e influenciam suas interações com os guardiões tradicionais da saúde.

Além disso, as seguradoras e os empregadores, que arcam com grande parte do custo financeiro do tratamento, têm fortes incentivos para apoiar as mulheres no planejamento e gerenciamento de sua saúde, para que elas tenham menos e mais rápidas interações com o sistema de saúde. Para consumidoras que lutam com o aumento dos custos, facilitar a autoajuda/autocuidado é um investimento em saúde economicamente prudente.

As mulheres pagam e estão experimentando cada vez mais as parcerias que as permitem acessar produtos e serviços Femtech, preenchendo a lacuna entre os mercados de saúde e a categoria Femtech.

Essas experiências, geralmente oferecidas por meio de benefícios para funcionárias ou planos de seguro de sa´¨de, são explicitamente projetadas para reduzir o número e a duração das interações com o sistema de saúde, diminuindo os custos posteriores para quem paga: as mulheres.

Alguns exemplos de parcerias incluem:

As mulheres demandarão cada vez mais esses tipos de parcerias e pacotes potenciais pois, para quem paga, elas podem tornar a gestão de custos mais eficaz.

As empresas que vendem produtos e serviços no mercado tradicional de saúde também querem aumentar sua participação neste funil por meio de um relacionamento direto com esta consumidora que também é uma paciente. O mercado já reconhece que ter uma linha direta com as pacientes é uma vantagem competitiva que não pode ser ignorada. Isso torna ainda mais tênue a fronteira entre femtech e saúde, entre autocuidado e cuidado em saúde, deixando-a cada vez mais porosa.

Conclusão

As mulheres esperam cada vez mais serem tratadas como consumidoras de saúde, e não como pacientes descartáveis. Quem oferecer uma experiência excepcional a essas consumidoras vencerá a corrida.

Apesar de todos os avanços que a Femtech ofereceu às mulheres no gerenciamento da saúde, ela ainda não concretizou totalmente a experiência do consumidor e a promessa econômica há muito esperada nesse mercado. A principal barreira para isso é a tensão entre a experiência contínua e vivida e as necessidades flutuantes de cada mulher individualmente, e os dois mercados estruturalmente descontínuos da Femtech/autocuidado e a assistência em saúde tradicional.

Em seu desejo de assumir o controle de sua saúde, as mulheres gastam uma quantidade significativa de tempo, energia e dinheiro construindo sua plataforma individual de Femtech. Essa experiência como consumidoras de produtos tecnológicos cada vez mais personalizados levou a uma insatisfação crescente com a falta de personalização na assistência de saúde tradicional, em um setor com bases e prioridades muito diferentes. As mulheres estão se tornando mais assertivas com os pagadores e prestadores de serviços de saúde sobre os serviços e tratamentos que desejam. Por sua vez, as empresas que atuam na área da saúde tradicional sabem que o contato direto com os pacientes é uma vantagem competitiva que não podem ignorar.

As primeiras experiências no mercado visam preencher a lacuna entre essas duas dimensões. Os sinais dessas experiências são claros: assim que as mulheres recebem soluções melhores, elas as adotam com entusiasmo.

A insatisfação das mulheres com um modelo de saúde lento e padronizado criou a categoria totalmente nova de Femtech. Essa mesma insatisfação é o que forçará a ponte entre os dois mercados estruturalmente descontínuos que as mulheres são obrigadas a navegar para gerenciar sua saúde.

As empresas que conseguirem unir esses dois mercados para criar uma experiência contínua sairão vencedoras. Elas triunfarão porque, ao fazer isso, combinarão o volume e a retenção do envolvimento do consumidor com as margens mais altas e defensáveis do sistema de saúde. E as mulheres serão as principais beneficiadas.

Sobre o Clue

O Clue é o aplicativo nº 1 liderado por mulheres para monitoramento e acompanhamento do ciclo menstrual, amado e confiável por mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo.

Com uma abordagem científica, o Clue permite às pessoas criarem um poderoso registro de saúde pessoal que transforma cada ciclo em uma ferramenta para revelar informações e acompanhar a sua saúde geral.

Desde educação geral sobre saúde do ciclo até fertilidade, gravidez, estágios da menopausa e todas as mudanças e escolhas que há entre essas fases, o Clue app possui a marca CE como um dispositivo de grau médico Classe 1. O Clue faz parcerias regulares com pesquisadores de instituições e universidades de ponta para ajudar a preencher a lacuna de dados e promover a saúde feminina.

Com sede em Berlim, na Alemanha, os dados da Clue são protegidos pelas leis de dados mais rigorosas do mundo (o RGPD da União Europeia) e pelo compromisso absoluto da Clue em defender a privacidade de suas usuárias e usuários, independentemente de onde eles estejam.

¹Um estudo global recente da BCG descobriu que menos da metade das mulheres entrevistadas (41%) acreditam existem serviços suficientes para lidar com suas preocupações específicas de saúde. As avaliações do tratamento médico ou das interações com seguradoras de saúde são igualmente baixas — 44% e 37%, respectivamente. Isso apesar de as mulheres em todo o mundo relatarem ser responsáveis pela maioria das decisões de saúde domésticas. (BCG, The $32 Trillion Opportunity in Women Focused Products & Services, 2025.)

²Dados da SensorTower, outubro de 2024

³Impulsionado por experiências de sólidos produtos, como HelloInside, Proov, Hertility.

⁴Uma faixa de cabeça neurotecnológica para alívio da dor da TPM desenvolvida pela startup Samphire Neuroscience

⁵ Caracterização em larga escala das diferenças de gênero na prevalência do diagnóstico e no tempo para o diagnóstico, (PubMed, outubro de 2023, https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10592987/)

⁶E essas despesas podem ser significativas; um relatório recente da Deloitte estima que os custos com saúde são estimados em US$ 15 bilhões a mais por ano para mulheres empregadas nos Estados Unidos do que para homens empregados nos Estados Unidos. (Hiding in Plain Sight: The Health Care Gender Toll, Deloitte, 2023.)

⁷ Muitas condições de saúde podem afetar o ciclo menstrual ou serem afetadas por ele. Algumas das mais comuns (mas de forma alguma uma lista completa de todas as condições) incluem: endometriose, síndrome dos ovários policísticos (SOP), perimenopausa ou menopausa, hipotireoidismo, hipertireoidismo, miomas uterinos, anemia, distúrbios hemorrágicos (como a doença de von Willebrand), síndrome do intestino irritável/doença inflamatória intestinal, diabetes, hipertensão arterial, infecções recorrentes do trato urinário ou vaginose bacteriana, encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica, fibromialgia, transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), depressão, transtorno de ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), autismo e transtorno alimentar.

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