Arte por Marta Pucci

Tempo de leitura: 5 min

Sexo na gravidez, posso? Devo? Ou é melhorar esperar?

Com o resultado positivo do teste de gravidez, começa uma espera que pode superar as 40 semanas. Aguardar pelo bebé significa, em muitos casos, aguardar também pelo regresso de uma vida sexual ativa. Mas o que é melhor, ter ou não sexo durante a gravidez?

Esperar ou não esperar, eis a questão

O sexo na gravidez ainda é um assunto tabu. Mesmo sendo uma fase de grande ligação entre o casal, pode virar um período de abstinência sexual. E porquê? Sobretudo pelo medo de machucar o bebé ou de prejudicar o seu saudável crescimento, caso haja penetração. Mas existem vários outros motivos, desde a fadiga, sentida na gravidez, até a diminuição da libido. Cada caso é único, e pode sempre ser discutido com um(a) profissional de saúde, mas muitas pessoas ainda têm vergonha de o fazer.

Apesar de 86% dos casais continuarem ativos durante o período gestacional, a maioria das mulheres indica uma redução na frequência das relações (1).

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Numa análise a 59 diferentes estudos (2) conclui-se que cerca de 10% das mulheres se abstêm de manter relações sexuais logo que a gravidez é confirmada. Na Turquia, por exemplo, 24,5% das mulheres evita o sexo durante toda a gravidez. Já em Portugal, a maior percentagem mantém relações sexuais uma vez por semana, enquanto um número mais pequeno o faz duas a três vezes por semana (3).

Segundo Manuel Hermida, antigo diretor do serviço de obstetrícia e ginecologia do Hospital Garcia de Orta, na cidade portuguesa de Almada, “a gravidez não deve colocar quaisquer restrições à vida sexual do casal”.

Mas o sexo faz mal ao bebé?

É a pergunta que muitos casais e gestantes se fazem. A resposta é não, não faz!

Na Grécia Antiga, Hipócrates acreditava que as práticas sexuais durante a gravidez podiam provocar um aborto. Ficou provado mais tarde que o sexo e o orgasmo não são culpados por partos prematuros ou abortos, nem prejudicam o feto, já que ele está bem protegido pelo líquido amniótico e envolvido pela placenta.

Um estudo realizado na Universidade de Adelaide, na Austrália, revelou que manter a vida sexual não só é bom para o casal, como também pode promover uma gestação mais saudável (4).

Os pesquisadores concluíram que mulheres que têm relações sexuais com o mesmo parceiro, por pelo menos três meses antes de darem à luz, apresentam menos riscos de desenvolver pré-eclâmpsia (5), isto é, uma hipertensão gestacional acompanhada de proteinúria (proteína na urina) que altera a função da placenta e pode afetar não só a mãe, como também o bebé (6).

E quando é que o sexo deve ser evitado?

Quando há contraindicações. Elas podem ser apontadas pelo(a) médico(a) de família, ginecologista ou obstetra. Cada pessoa é diferente e, por isso, não há duas gravidezes iguais.

As práticas sexuais devem ser muito limitadas ou mesmo proibidas em casos de (7):

  • Ameaça de parto pré-termo (prematuro);

  • Colo curto ou dilatado;

  • Placenta prévia;

  • Infecção;

  • Pré-eclâmpsia;

  • Sangramento vaginal (hemorragia vaginal);

  • Se houver sinais de parto (rotura de bolsa de águas);

  • Desconforto da grávida ou dores pélvicas

O mito da indução do parto no final da gravidez

É natural ouvirmos dizer que ter sexo nos últimos estágios da gravidez pode antecipar o parto. Mas um estudo de 2012, conduzido por pesquisadores da Malásia, vem provar que, afinal, não há uma relação direta (8).

Em entrevista para a agência Reuters, o autor do estudo da Universidade de Malaia, Tan Peng Chiong, concluiu: “Estamos desapontados. Não encontramos nada que sustente a associação. Teria sido legal para os casais ter algo seguro e efetivo com que pudessem contar para antecipar o trabalho de parto se quisessem” (9).

O estudo analisou 1175 mulheres grávidas em média com 36 semanas (geralmente a gravidez tem uma duração de 40 semanas) que não haviam mantido relações sexuais nas últimas 6 semanas. Um grupo composto por metade das grávidas ouviu do médico que manter a vida sexual ativa ajudaria a induzir o parto, enquanto a outra metade (segundo grupo) ouviu que sexo durante a gestação é seguro, mas seus efeitos não eram conhecidos . 85% das mulheres que foram aconselhadas a fazer sexo seguiram a indicação médica, enquanto as que não foram estimuladas também mantiveram relações. Os índices de partos induzidos foram similares em ambos os grupos - 22% entre as que receberam conselhos, e 20,8% entre as que não receberam. Uma diferença curta, concluíram os pesquisadores (8).

A montanha-russa da gravidez

Com a gravidez chegam nove meses de altos e baixos. Os culpados são os ritmos metabólicos e hormonais que fazem com que o comportamento, a disposição e o desejo variem com frequência. Um estudo realizado com gestantes na cidade de São Paulo ilustrou como as transformações no corpo podem também trazer questões relacionadas à autoestima. (10)

Durante as entrevistas, houve relatos sobre o "encantamento" com o tamanho da barriga, mas também preocupação com seu crescimento exagerado e o surgimento de estrias, flacidez e gordura abdominal, com o receio de que tais marcas fiquem permanentes no corpo ao fim da gestação (10). Concluem as autoras do estudo:

"Os atributos físicos instituídos pela sociedade atual vêm ditando um padrão de beleza nem sempre alcançado pelas mulheres e quando essas se veem fora do modelo, em decorrência da gestação, temem que essas mudanças sejam definitivas, o que pode acarretar rejeição pelo companheiro” (10).

Convém não esquecer…

Durante a gravidez, é importante não vacilar com a proteção. As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) podem afetar a saúde da mãe e do bebé, e é recomendado o uso do preservativo se houver alguma suspeita de infeção ou no caso de relações com uma ou mais pessoas diferentes. Por exemplo, é preciso evitar o sexo oral caso exista algum sinal herpes oral ou labial (11).

Carícias, beijos e abraços também podem dar prazer sexual. O mais importante é que os dois elementos do casal se sintam sempre confortáveis com a decisão de ter ou não ter sexo.

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