Arte: Marta Pucci
Mitos e realidades sobre a bissexualidade
Para entender um pouco mais o "B" de LGBTQIA+

*Tradução: Jade Augusto Gola
Sempre fui bissexual. Assim como muitas pessoas, fui socializada como uma pessoa feminina e heterossexual, mas meus primeiros "despertares sexuais" na infância (as primeiras experiências de admiração, paixão e também excitação sexual) foram com mulheres. Mas como ao mesmo tempo eu era consciente de que gostava dos meninos, minha socialização heterossexual me fez dar pouca importância a minha fascinação pelas mulheres e o feminino.
Depois de muitos anos -e tantos outros "despertares" desapercebidos- me dei conta que talvez eu me interessaria em "estar" com uma mulher. A princípio não tentei nada, pois quando tinha crushes que não eram héteros, me sentia intimidade e muito buga* pra eles. Quando tinha namorados, eles notavam que eu gostava das mulheres também, mas nunca falamos disso de maneira séria. Eventualmente aconteceram minhas primeiras relação que não eram bugas (sexuais, sentimentais), tanto com mulheres cisgênero como com pessoas fora do espectro binário de gênero. Só após haver tido essas experiências eu disse a mim mesma que–finalmente–eu poderia me autodenominar bissexual.
(*Expressão coloquial usada no México pelas comunidades LGBTQI+ para se referir às pessoas heterossexuais.)
Hoje em dia me sinto desconfiada de falar de minha bissexualidade com outras pessoas, já que infelizmente a bifobia (o ódio e a discriminação contra pessoas bissexuais) é um fenômeno real (1). Pelas identidades bissexuais serem uma espécie de escala de cinzas em contraste com o "preto ou branco" que implica ser hétero ou homossexual, as pessoas bissexuais podem sofrer discriminação, preconceitos ou invisibilidade por ambas essas comunidades.
A bifobia pode se manifestar em piadas intencionais, falta de credibilidade ou abertamente a partir de insultos. Estes tipos de atitudes afetam negativamente o bem-estar mental e emocional das pessoas bissexuais, especialmente as mais jovens. Bissexuais reportam mais problemas mentais (ansiedade, depressão, estresse, maiores taxas de suicídio) em comparação com heterossexuais e homossexuais (gays e lésbicas) (2).

Em muitos casos, a bifobia também é um produto da falta de informação. Abaixo seguem perguntas, mitos e realidades sobre a bissexualidade.
O que é exatamente a bissexualidade?
A bissexualidade é um tipo de orientação sexual. A orientação sexual normalmente refere-se a quem sentimos atração (afetiva, sexual, emocional). Exemplos de orientações sexuais: heterossexual, homossexual, bissexual, assexual, pansexual, etc.
A orientação bissexual se refere à atração a mais de um gênero (3), uma ideia a princípio fluida, aberta e sujeita a variações entre diferentes pessoas que se autodenominem bissexuais.
Nem todas as pessoas definem sua bissexualidade de maneira idêntica, e deste mesmo modo nem todas as pessoas atraídas por mais de um gênero chamam-se a si mesmas de bissexuais.
A bissexualidade é apenas uma fase?
Não.