Illustration of a woman with multiple arms performing multiple tasks

Ilustração: Marta Pucci

Tempo de leitura: 7 min

A maternidade é complicada

O que significa ser mãe? Bom, é complicado.

*Tradução: Juliana Secchi

A maternidade é ao mesmo tempo um relacionamento, uma construção social, um emprego de período integral e uma identidade. Estima-se que 85% das mulheres já deram à luz (1), tornando a maternidade, ou pelo menos a ideia dela, uma parte predominante da vida para a maioria das mulheres.

Na cultura popular, as expectativas com relação à maternidade são freqüentemente baseadas nas ideologias das mulheres brancas de classe média. As mães muitas vezes são vistas como “competentes” e “amorosas”, e são admiradas por essas características (2). As mães retratadas na TV ou no cinema sacrificam tudo por suas crianças. Mas essa narrativa não representa todos os tipos de mães. Cada experiência de maternidade é única, significando algo diferente para cada pessoa.

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Vamos dar uma olhada em alguns dos aspectos menos convencionais da maternidade que você provavelmente não vê na mídia.

A maternidade nem sempre é biológica

É verdade que existe uma intersecção entre a maternidade e a biologia feminina. A reprodução humana requer material genético de uma pessoa com cromossomos XX e material genético de uma pessoa com cromossomos XY para fazer um embrião (3). Certa anatomia e fisiologia são então necessárias para manter uma gravidez e dar à luz um recém-nascido (3). Após o nascimento, hormônios específicos influenciam como as mães criam laços com seus filhos (4). Embora certos processos biológicos sejam necessários para criar um bebê, nenhum desses processos é necessário para fazer uma mãe.

As mães ganham o título de muitas maneiras que não são biológicas. As tarefas e deveres das mães são frequentemente realizados por pessoas que não geraram os bebês fisicamente. Cerca de 10% das crianças recebem dos avós os cuidados dos pais e cerca de 3% das crianças de outros membros da família (5). Mais de 100,000 crianças nos EUA são adotadas a cada ano (6). Cerca de 16% das crianças nos EUA vivem com pais adotivos, irmãos adotivos ou meio-irmãos (7). No Reino Unido quase 60 mil crianças vivem com pais de criação com os quais não possuem vínculo biológico (8). Milhões de crianças em todo o mundo nasceram por meio de tecnologia de reprodução assistida, algumas das quais incluem o uso de óvulos e espermatozóides de doadores (9). Homens podem ser mães também (10). Homens transgêneros e outras pessoas não-conformantes de gênero podem engravidar e dar à luz um bebê, e ter muitos dos mesmos desejos maternais das mães cis (11).

A maternidade requer amor e dedicação para ser responsável por uma criança — a maioria das mães dirá que a origem do DNA de uma criança não é importante.

Nem toda mulher quer ser mãe

Algumas pessoas simplesmente não se sentem atraídas pela maternidade. Outras querem focar em outras prioridades. O desempenho acadêmico e a participação no mercado de trabalho são duas das principais razões pelas quais as mulheres optam por não se tornarem mães (12, 13). Cerca de 13% das mulheres sem filhos entre 40 e 44 anos relatam que a decisão foi voluntária (14). Em todas as faixas etárias, cerca de 6% das mulheres não têm filhos voluntariamente (1). A maternidade não é para todos e, embora não ter filhos por escolha própria possa ser empoderador, pessoas que não têm filhos são frequentemente vistas como egoístas ou materialistas e estigmatizadas por sua escolha (2).

Para as mulheres que são mães, o arrependimento materno é um assunto tabu, mas é importante saber que algumas mulheres se arrependem de sua escolha de se tornarem mães. Algumas mulheres encontram o caminho para a maternidade sem seu consentimento, seja por meio de estupro, coerção ou falta de acesso a aborto. Outras mulheres que buscam a maternidade voluntariamente passam a se arrepender de sua escolha quando descobrem que as promessas sociais da maternidade não são cumpridas (15).

Nem toda mulher pode ser mãe

Algumas pessoas fazem a escolha intencional de optar pela maternidade, mas descobrem que não conseguem ser mães ou manter a maternidade. Isso pode ocorrer devido à incapacidade de conceber, morte de um filho, perda de enteados para o divórcio, perda da custódia e perda da capacidade de ser mãe. É difícil encontrar dados atualizados, mas uma estimativa de 2002 sugeriu que cerca de 3% de todas as mulheres não tinham filhos involuntariamente (16).

Os dados provavelmente não retratam bem quantas mulheres e pessoas com ciclos querem ser mães mas não podem, por qualquer motivo. Sabemos que cerca de 1 em cada 100 fetos morre ao nascer (17) e cerca de 186 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com infertilidade (18). Por razões políticas, financeiras e ambientais, algumas pessoas acham que se tornar mãe é impossível. Desemprego, subemprego e moradia instável fazem com que muitas pessoas atrasem a transição para a maternidade ou a evitem por completo (19).

Mais apoio e oportunidades para as mães

Existem muitos caminhos para a maternidade e nenhum deles é tranquilo. A transição para a maternidade é um período lindo e transformador para algumas pessoas, mas para cerca de 20-25% das mulheres, a depressão perinatal e outros transtornos de humor tornam a gravidez e o pós-parto um período assustador e ameaçador (20). Os papéis tradicionais e as desigualdades de gênero tornam a maternidade difícil (e fazem com que algumas pessoas a adiem ou a evitem ) (19). Nos EUA e no Reino Unido, o racismo sistêmico dentro do sistema obstétrico significa que mães negras têm maiores taxas de complicações durante e após a gravidez, incluindo morte (21). Nos EUA, a mortalidade relacionada à gravidez é pelo menos três vezes maior para mulheres negras, nativas americanas e nativas do Alasca (22). Globalmente, as mulheres migrantes e de minorias étnicas têm menos probabilidade de receber cuidados maternos ideais (23).

Embora as mães precisem de apoio social de seus amigos, famílias e comunidades (24), as agendas lotadas e a falta de sistemas de apoio estruturados deixam muitas mães sem o apoio necessário. Quando as mães são bem apoiadas, ficam menos propensas a sofrer depressão pós-parto (25) e mais propensas a interromper o ciclo intergeracional de abuso infantil (26). Bebês de mães bem apoiadas são mais propensos a cumprir marcos de desenvolvimento cognitivo (27).

Celebrar as mães se resume a muito mais do que enviar cartões no Dia das Mães. Abrir espaço para as mães inclui mudanças nas políticas que tornem o caminho para a maternidade menos perigoso, incluindo legislação para reduzir a morbidade e mortalidade materna. A maternidade também deveria ser menos perigosa do ponto de vista financeiro. Os custos financeiros da maternidade incluem salários perdidos e aposentadoria perdida, além de custos com cuidados infantis. Também faz parte abrir espaço para mães de todos os gêneros — pais LGBTQ estão sub-representados no diálogo atual ao redor da maternidade (28).

A narrativa da maternidade que diz que todas as mães estão prontas e são capazes de sacrificar tudo por seus filhos não inclui pessoas com necessidades e desejos variados. Mudar a forma como falamos sobre a maternidade pode abrir espaço para todas as mães — as mães que optam por não amamentar, as mães que estão deprimidas, as mães que passaram por uma gravidez assustadora, as mães que não têm parceiros e até as mães que são mães embora essa não fosse realmente a escolha delas. A maternidade nunca é fácil ou simples e, embora seja difícil entender todas as suas complexidades, abrir espaço para todas as mães pode tornar o caminho um pouco mais fácil.

O Clue está trabalhando para abrir espaço para todas as mães com nosso recurso Gravidez.

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