Disparity in access to medical care with regard to POC - focus on pregnancy/maternal mortality

Ilustração: Marta Pucci

Tempo de leitura: 5 min

Por que há alta taxa mortalidade entre mães negras nos Estados Unidos?

Desigualdade e racismo sistêmico são fatores determinantes

*Tradução: Kenya Sade

Mundialmente, as mães morrem mais comumente antes ou depois do parto, geralmente por hemorragia (a experiência de sangramento intenso durante ou após o parto); distúrbios da pressão alta; infecções; complicações do trabalho de parto; gravidez ectópica, aborto espontâneo, aborto inseguro e embolia (o desenvolvimento de coágulos sanguíneos que causam bloqueios dentro dos vasos sanguíneos) (1).

Também é importante considerar que fatores socioeconômicos, como pobreza e falta de acesso básico a saúde, podem ser tão prejudiciais para os números de mortalidade materna quanto as condições médicas listadas acima. A gravidez e o parto bem-sucedidos dependem da capacidade de uma mãe de receber cuidados e assistência de médicos, parteiras e enfermeiras treinados. Globalmente, mais de 90% dos nascimentos em países de alta renda e renda média alta são assistidos por profissionais de saúde qualificados, em comparação com menos de 50% dos nascimentos em países de baixa renda e renda média-baixa (2). Além disso, suicídio e homicídio vinculados à violência doméstica foram recentemente reconhecidos como causas significativas de mortes maternas em todo o mundo (3,4).

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As taxas de mortalidade materna caíram mundialmente, à medida que cuidados médicos de qualidade e informações sobre saúde se tornam cada vez mais acessíveis (5). Ainda assim, nos Estados Unidos, a proporção de mães negras que morrem durante ou após a gravidez é 3 vezes maior do que a de mães brancas (6). Aqui, vamos explorar as razões dessa discrepância alarmante.

Por que há alta taxa mortalidade entre mães negras nos Estados Unidos?

Há um consenso entre as organizações de saúde que o racismo afeta um bom atendimento médico e consequentemente um bom cuidado na saúde (7), incluindo as taxas de mortalidade materna. Os pesquisadores observam disparidades significativas nos resultados do nascimento entre mães negras e mães brancas, até mesmo quando analisam fatores como educação e contexto socioeconômico (8). O racismo institucionalizado e outras formas de discriminação contribuem para a diferença entre a saúde das mães negras e das mães brancas, mesmo quando fatores como renda são levados em consideração (8,10). Diferentemente das mães brancas, as mães negras continuam obtendo resultados ruins - como ter um bebê abaixo do peso ao nascer - apesar de apresentarem uma melhora na situação financeira (11). Estudos também mostram que mulheres negras americanas grávidas sofrem estresse relacionado à raça e gênero, que está ligado a piores resultados da gravidez (9).

Além disso, séculos de desigualdade sistêmica vivenciada por negros americanos se manifestam em injustiças que incluem, mas não se limitam, à pobreza intergeracional, acesso limitado à educação e empregos, violência policial contra pessoas negras, indígenas e não brancas e encarceramento em massa. Os efeitos dessas experiências discriminatórias criam barreiras à assistência médica (8). A pobreza, por exemplo, impede que uma mãe seja capaz de pagar por cuidados médicos, transporte, alimentação e moradia de qualidade. As mães que não têm acesso a transporte ou que não moram perto de uma unidade de saúde podem ter dificuldade para receber cuidados. E as mães que têm acesso limitado a informações podem ter dificuldade em buscar e receber atendimento médico em momentos cruciais (2).

O racismo continua afetando até o bem-estar das mães negras que podem pagar por cuidados. A pesquisa mostra que, em comparação com as mulheres brancas, as mulheres negras nos Estados Unidos têm menos probabilidade de receber aconselhamento médico ou tratamentos eficazes durante a gravidez e o parto do que as mulheres brancas (12,13). Um estudo, por exemplo, descobriu que as mães negras de bebês com peso abaixo da média eram menos propensas a receberem esteróides pré-natais, que ajudam a prevenir dificuldades respiratórias e outros resultados negativos em bebês (13).

Por fim, as altas taxas de morbimortalidade materna podem impactar o desenvolvimento das crianças, uma vez que as complicações da gravidez estão associadas a partos prematuros (14). Em 2007, por exemplo, 18% dos bebês nascidos de mães negras eram prematuros, em comparação com 12% dos bebês prematuros nascidos de mulheres brancas. Assim, causas de morte relacionadas a bebês prematuros levaram a um maior risco geral de morte para bebês que nasceram de mães negras (15).

Rumo a um futuro melhor

Aumentar a conscientização sobre a crise de saúde pública das taxas de mortalidade materna negra nos Estados Unidos pode ajudar a construir um futuro mais seguro e mais justo para todas as mães. Devemos reconhecer que as mães negras são desproporcionalmente afetadas pela mortalidade materna, compreender os fatores que causam taxas de mortalidade desproporcionais e trabalhar para criar soluções sistêmicas.

Muitas organizações estão trabalhando para que haja uma mudança sistêmica em torno dessa questão. A National Medical Association promove o bem-estar coletivo de médicos e pacientes afrodescendentes. E a National Birth Equity Collaborative está trabalhando para melhorar a saúde materna e infantil negra por meio de treinamento e políticas. No Brasil, a UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) faz um importante trabalho para que "todas as gestações sejam desejadas, todos os partos sejam seguros e cada jovem alcance seu potencial".

Para concluir, muitos são os recursos que apoiam as mães que buscam por informações e cuidados. Eu escrevi um guia (em inglês) muito útil que oferece conselhos às mães de como ter uma gravidez segura. E monitorar a gravidez no Clue app pode ajudar todas as mães a acompanharem suas gestações e a ficarem ciente das questões a serem levantadas em consultas médicas.

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